O tempo é um ponto.
Infelizmente, somos educados desde pequenos a entender o tempo como uma linha. A lição que nos passam é que nós percorremos esse caminho. Saímos do ontem e andamos em direção ao amanhã. Assim, acreditamos que há um passado e há um futuro. A ideia de tempo contínuo nos dá a sensação de que tudo o que lembramos é real e de que ainda temos muito pela frente.
Mas, na realidade, o tempo é apenas um ponto. É estático. Não há passado ou futuro.
Para cada sentimento, escolha e momento de nossas vidas, guardamos apenas uma lembrança do que aconteceu. E essas lembranças são constantemente alteradas pelo nosso presente. Pelas nossas percepções atuais sobre memórias do passado. Mesmo assim, nos prendemos diariamente às interpretações dessas lembranças.
Nascem assim as angústias por acontecimentos passados. Aquela brincadeira que fizeram e não gostamos. Uma traição que nos amargura. As decisões tomadas que não queremos mudar.
Igualmente angustiante é a ideia de que existe um futuro. Na verdade, só existe a imaginação. Os nossos anseios sobre o amanhã são apenas imaginários. O medo de não ser bem recebido em um jantar sábado, quando ainda não há o jantar de sábado. Uma possível rejeição. Um possível fracasso.
Precisamos aceitar que só existe o agora para nos libertar. E também para nos desprender de atitudes que limitam a nossa felicidade presente. "Um dia eu digo". "Um dia eu mudo". "Um dia eu amo". Este "um dia" não existe.
Aceite o tempo como um ponto. E viva este ponto de maneira mais autêntica possível. Desprenda-se da angústia que a lembrança de um passado traz. Desprenda-se também do medo por um futuro que não existe.
Uma vez que aceitamos o tempo como estático, nos livramos dos riscos que as lembranças e a antecipação trazem. Deixamos de viver de interpretações e passamos a viver de presente. A viver de ponto.